Instituto ludwig von mises brasil



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29

A Lei


po.  Certamente esta é a ideia mais estranha e mais presunçosa que 

possa ter saído de um cérebro humano!

Com efeito, esses autores modernos começam por supor que as pes-

soas não trazem em si nenhuma motivação para agir, nenhum meio de 

discernimento.  Pensam que as pessoas são desprovidas de espírito de 

iniciativa, que são matéria inerte, moléculas passivas, átomos sem espon-

taneidade, em suma, vegetais indiferentes à sua própria forma de existên-

cia.  Pensam que as pessoas são suscetíveis de adotar, por influência da 

vontade e das mãos de outrem, uma quantidade infinita de formas mais 

ou menos simétricas, artísticas e acabadas.  Além disso, nenhum desses 

autores hesita em imaginar que ele próprio — sob os nomes de organi-

zador, revelador, legislador ou fundador — é esta vontade e esta mão, 

esta força motivadora universal, este poder criativo cuja sublime missão 

é reunir em sociedade esses materiais dispersos que são os homens.

Estes autores socialistas olham para as pessoas da mesma maneira que 

o jardineiro olha para suas árvores.  Assim como o jardineiro dá capri-

chosamente às árvores a forma de pirâmides, guarda-sol, cubos, vasos, 

leques e outras coisas, da mesma forma procede o escritor socialista.

Segundo sua fantasia, ele talha os seres humanos, dividindo-os em 

grupos, séries, centros, subcentros, alvéolos, ateliês sociais e outras 

variações.  E tal qual o jardineiro, que necessita de machados, serras, 

podadeiras e tesouras para moldar suas árvores, cada socialista precisa 

de força para moldar os seres humanos, o que ele somente encontra 

na lei.  Com esse objetivo, ele inventa a lei das tarifas aduaneiras, dos 

impostos, da assistência social e das escolas.

o

S



 

SociAliStAS

 

deSejAm


 

deSempenhAr

 

o

 



pApel

 

de



 d

euS


Os socialistas consideram a humanidade como matéria para com-

binações sociais.  E isto é tão verdade que, se porventura os socialis-

tas tiveram alguma dúvida a respeito do sucesso destas combinações, 

eles pedirão que uma pequena parte da humanidade seja considera-

da matéria para experiência.  Sabemos o quanto é popular entre eles a 

ideia de experimentar todos os sistemas.  E um líder socialista, seguin-

do sua fantasia, pediu seriamente à assembleia constituinte que lhe 

concedesse um pequeno distrito, com todos os seus habitantes, para 

desenvolver sua experiência.

Assim procede todo inventor que fabrica sua máquina em tama-

nho pequeno antes de fazê-la em tamanho grande.  Do mesmo modo, 



30

Frédéric Bastiat

o químico sacrifica alguns reagentes e o agricultor, algumas sementes 

e um pedaço do campo que usou para experimentar uma ideia.  

Mas que diferença incomensurável existe entre o jardineiro e suas 

árvores, entre o inventor e sua máquina, entre o químico e seus rea-

gentes, entre o agricultor e suas sementes!  O socialista pensa, de boa 

fé, que a mesma diferença o separa da humanidade.

Não é de se espantar que os escritores do século XIX considerem a 

sociedade como uma criação artificial saída do gênio do legislador.  Esta 

ideia, fruto da educação clássica, dominou todos os pensadores, todos 

os grandes escritores de nosso País.  Todos viram entre a humanidade 

e o legislador as mesmas relações que existem entre a argila e o oleiro.

E ainda há mais!  Mesmo quando eles aceitaram reconhecer que, 

no coração do homem, existe um princípio de ação e, no intelecto 

humano, um princípio de discernimento, ainda assim consideraram 

estes dons de Deus como funestos.  Pensaram que as pessoas, sob a 

influência destes dois dons, tenderiam falsamente para a sua própria 

ruína.  Apontaram como certo que, abandonada às suas próprias incli-

nações, a humanidade desembocaria no ateísmo em vez de na religião, 

na ignorância, em vez de no conhecimento, na miséria, em vez de na 

produção e na troca.

o

S

 



SociAliStAS

 

deSprezAm



 

A

 



humAnidAde

Segundo esses autores, há, na verdade, pessoas afortunadas, a quem 

os céus concederam o privilégio de possuírem exatamente tendências 

opostas, para benefício deles e do resto do mundo.  São eles os gover-

nantes e os legisladores.

Enquanto a humanidade tende para o mal, eles, os privilegiados, 

tendem para o bem.  Enquanto a humanidade caminha para as trevas, 

eles aspiram à luz; enquanto a humanidade é levada para o vício, eles 

são atraídos para a virtude.  E desde que tenham decidido que este 

deve ser o verdadeiro estado das coisas, então exigem o uso da força 

a fim de poderem substituir as tendências da raça humana por suas 

próprias tendências.  

Basta abrir, mais ou menos ao acaso, qualquer livro de filosofia, de 

política ou de história, para que se veja o quanto está enraizada em nos-

so país esta ideia, filha dos estudos clássicos e mãe do socialismo.  Em 

todos eles, encontrar-se-á provavelmente a ideia de que a humanidade 

é uma matéria inerte, que recebe a vida, a organização, a moralidade e 

a prosperidade do poder do estado.  Ou, então, o que é ainda pior, que 




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A Lei


a humanidade, por si própria, tende para a degeneração e só pode ser 

contida nesta corrida para baixo pela misteriosa mão do legislador.

Por toda parte, o pensamento clássico convencional nos mostra, 

por trás da sociedade passiva, um poder oculto que, sob os nomes 

de lei, legislador, ou designado apenas de uma forma indeterminada, 

move a humanidade, a anima, a enriquece e a moraliza.

defeSA


 

do

 



trAbAlho

 

compulSório



Consideremos inicialmente a seguinte citação de Bossuet:

Uma das coisas inculcadas (por quem?) com mais força 

no espírito dos egípcios era o amor à pátria...  A nin-

guém era permitido ser inútil para o estado.  A lei in-

dicava a cada um sua função, a qual se perpetuava de 

pai para filho.  A ninguém era permitido o exercício de 

duas profissões e nem tampouco passar de uma profis-

são para outra...  Mas havia uma ocupação que devia ser 

comum: era o estudo das leis e da sabedoria.  Ignorar a 

religião e a política do país não era desculpável em ne-

nhuma circunstância.  Além disso, cada profissão tinha 

seu cantão, que lhe era indicado (por quem?)...  Entre as 

boas leis, o que havia de melhor é que todo mundo era 

treinado (por quem?) para obedecê-las...  Como resul-

tado disto, o Egito encheu-se de invenções maravilho-

sas, e nada do que pudesse tornar a vida mais cômoda e 

mais tranquila foi negligenciado.

Assim, os homens, segundo Bossuet, não tiravam nada de si: pa-

triotismo, prosperidade, invenções, trabalho, ciência, tudo era dado 

ao povo através das leis ou dos reis.  O que o povo tinha de fazer era 

seguir os seus líderes.

d

efeSA



 

do

 



governo

 

pAternAliStA



Bossuet levou essa ideia sobre o estado como fonte de todo o pro-

gresso ainda bem mais longe, quando defendeu os egípcios contra a 

acusação de que rejeitaram a luta e a música.  Ele disse:

“Como é isto possível?  Estas artes foram inventadas por Trimegis-

to (que se supõe ter sido chanceler do deus egípcio Osíris).”

E ainda entre os persas, Bossuet pretendia que tudo vinha de cima:

Um dos primeiros cuidados do príncipe era incentivar a 



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