Paixões no Deserto



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***

— Mubharak atacou, general. — informou o jovem soldado, com uma metralhadora sob o braço.

O homem sorriu. Tinha certeza de que Nu'man faria isso. É claro que ele não seguiria seu conselho. Tanto melhor: seria mais fácil pegá-los à luz do dia do que na escura noite do deserto.

Quando tinha mandando seus homens incendiarem o acampamen­to dos turistas, imaginou que o governo reagiria de forma mais drás­tica. Isso teria evitado o que estava por vir... Mas assim é o destino. Nunca age pelos caminhos mais fáceis.

— Estamos prontos? — perguntou.

— Sim, senhor. — confirmou o rapaz.

— Junte os homens e mande vir os jipes. Diga para todos se livra­rem destas roupas ridículas. Não precisamos mais de disfarces. A partir deste momento, o exército da Tunísia estará em ação!

***

Enquanto os homens de Fahir lutavam bravamente contra o inimi­go, os jipes se deslocavam pelas areias douradas e o comissário Adiva caminhava de um lado para o outro, febrilmente.

Tinha feito tudo que estava ao seu alcance. Agora era uma questão de tempo e sorte.

— Maldição! — praguejou em voz baixa. Ele odiava ter que confiar na sorte.



***

A tampa do alçapão ergueu-se e eu apertei a mão de Samirtra. Nossa hora havia chegado. Em um segundo, vi minha vida inteira pas­sar à minha frente.

Eu ia morrer.

— Subam logo! — gritou Jordan lá em cima.

— Vá, A'ishah. — disse Samirtra, tirando uma adaga de dentro da roupa e colocando em minhas mãos. — Leve isto... Vai precisar.

— Não vou deixar você aqui! — sussurrei. — E nem a menina!

— Não posso e não preciso ir. Vou ficar bem. E ela ficará comigo. — disse, referindo-se à sua fiel acompanhante.

— E a relíquia?

— Ela também ficará bem.

— Ande logo! — ordenou Jordan.

Sem saber o que fazer, beijei a mulher com carinho. Não queria dei­xá-la e não podia levá-la. Outra decisão difícil que pairava sobre mim.

— Ataque de surpresa e defenda seu coração. — disse a cega, des­pedindo-se.

Assim que saímos, a mulher tocou um ponto específico da parede e, segundos depois, sumiu pela passagem que se abriu. Samirtra correu pelas galerias de pedra, seguida de perto pela garota, a relíquia presa às suas vestes e protegida da ambição de Mubharak.

O aposento acima estava deserto e, no chão, o sangue escorria sobre o peito do homem que Jordan tinha acabado de matar. Estranhamente, ninguém havia corrido ao local. Estranhamente também, apesar da ba­gunça, a sala estava deserta.

Corremos para a porta e, assim que a fechamos atrás de nós, senti como se tivesse sido lançada no ar por um balanço gigante. Quando era criança, eu adorava me balançar nos parques de diversão e sempre me perguntava o que aconteceria se algum dia as correntes se arrebentas­sem durante o movimento. Naquele momento, eu soube.

Foi tudo tão rápido que não tive tempo de perceber o que acontecia. Quando dei pela coisa, estava caída sob um tamashek morto, com meu rosto e corpo doendo como se um elefante tivesse sentado em mim.

— Você está bem? — perguntou Jordan, puxando o cadáver. Vi que ele sangrava e estava com as roupas rasgadas.

— Está ferido? Que aconteceu? — balbuciei meio zonza, sentindo o rosto arder.

— Você tem um calombo roxo na testa, que mais parece uma batata! — ele me disse, preocupado.

— Pare de enrolar! Quero saber o que aconteceu!

— Deixaram uma bomba aqui. Por isso o lugar ficou vazio.

— E agora, o que fazemos? — perguntei, sentindo a cabeça doer e tentando me livrar do zumbido nos ouvidos.

Vários homens passaram por nós correndo, espadas erguidas com suas lâminas vermelhas, mas não deram importância à nossa presença.

— ATENÇÃO! AQUI É O EXÉRCITO DA TUNÍSIA! VOCÊS ES­TÃO CERCADOS! DEPONHAM AS ARMAS E SAIAM EM FILA!

Ouvimos a voz metálica gritar lá fora, primeiro em árabe, depois em francês. Olhei para Jordan, desesperada:

— Não é o exército, é o general Jawhar! — berrei com força.

O rapaz não entendeu, pensando que eu estava delirando devido ao impacto da explosão.

Peguei a mão dele e saímos correndo em busca de abrigo.

— Lind! São nossos salvadores! Vamos pra fora! — dizia ele, desesperado.

— Não! É uma armadilha! Temos que encontrar Fahir!

Jordan me agarrou pelos ombros:

— O que está dizendo? Será que enlouqueceu de vez?!

Em poucas palavras expliquei o que meu príncipe havia me mostra­do e recomeçamos a correr. Segundos depois, cruzamos com tamasheks, que lutavam entre si, e outros que corriam sem saber o que fazer.

— Jordan, quem está vencendo a batalha? — perguntei, desesperada.

Ele me olhou, incrédulo:

— E como vou saber? Todo mundo usa roupa igual!

— Temos que encontrar Fahir! — gritei por sobre os sons da luta. Em vários locais, o fogo ardia em conseqüência não apenas das explosões, mas dos incêndios provocados por Mubharak.

Tudo era uma confusão tão grande que acabamos nos separando, Jordan e eu. Vi o momento em que ele, com um gesto rápido, pegou uma espada no chão e começou a enfrentar um homem.

Atravessei os aposentos, procurando Fahir, mas não o encontrei em lugar algum. Com dificuldade, cheguei à escada e comecei a subir. Atrás de mim, gritos, tiros e confusão. A minha frente, o desconhecido.

***

Samirtra corria pelas galerias subterrâneas, quando algo a fez parar. Com agilidade surpreendente para uma cega, tirou a taça de pedra das vestes e colocou no chão. Em seguida, pegou as pedras, que trazia em uma pequenina bolsa de couro amarrada ao corpo, e espalhou-as na mão. Sentiu o calor que emanavam.

— Mudaram de cor? — perguntou à acompanhante.

— Sim. Estão avermelhadas! — balbuciou a menina, assustada.

— Fahir corre perigo! Ajude-me aqui! — ordenou Samirtra.

Contradizendo a lenda de que apenas o guardião poderia mani­pular as jóias, a mulher começou a passar os dedos sobre elas, lendo o desenho lapidado em cada uma.

— O que você está fazendo? — espantou-se a garota. — Você vai nos matar...

— Silêncio, menina! — ordenou a mulher. — E jamais diga a alguém o que verá acontecer aqui!

A parte de cima da casa estava completamente destruída. Em alguns aposentos as chamas começavam a arder, em outros ainda havia homens se enfrentando.

Eu não conhecia bem a construção. Nos dias em que passei ali, ou estava nos jardins ou com Samirtra, e me censurei por minha falta de interesse em explorar o lugar.

Lentamente, fui avançando pelo longo corredor, sentindo a cabeça doer muito e meu olho esquerdo arder. Pela primeira vez, coloquei a mão sobre a testa e senti o tamanho do calombo que se formou quando bati a cabeça. Assustada e com medo, achei que poderia morrer de trau­matismo craniano. A gente pensa cada coisa nestas horas!

Quando cheguei ao alto da escada, vi que mais homens de Mubharak se aproximavam e pensei que era o fim de Fahir. Por mais valen­tes que fossem seus homens, eles não eram suficientes para enfrentar aquele mar de inimigos. Corri em busca de meu amado, sentindo a alma pesar toneladas.

No final do corredor, descobri que o que parecia ser uma parede era, na verdade, um painel móvel. Passei através dele e entrei num conjunto de salas totalmente destruídas, onde o fogo me impedia de avançar.

No meio das chamas, vi Fahir lutando com um adversário alto e, sem pensar duas vezes, enfrentei o fogo e parti na direção de meu ama­do. Hoje me pergunto se eu agiria como agi, caso tivesse raciocinado naquele momento. Mas eu só estava seguindo meu instinto.

Senti alguém me agarrar pelo pescoço e comecei a lutar com o agressor em meio às chamas.

Quando comecei a trabalhar no museu, muitas vezes voltava para casa tarde da noite e minha mãe me obrigou a fazer um curso de defesa pessoal, temendo pela minha segurança.

Nunca havia dado um golpe em alguém fora da academia, mas, na­quele momento, tudo que aprendi voltou à minha mente. Quando dei por mim, eu chutava o homem caído ao chão com violência, atingindo suas partes, digamos, mais sensíveis.

O fogo tomava conta de quase todos os lugares e tive muita dificuldade para avançar atrás de Fahir, que eu não conseguia mais ver.

Lá embaixo os soldados do general Jawhar, já dentro da casa, foram surpreendidos por um violento combate corpo-a-corpo, enquanto os tamasheks continuavam se enfrentando ferozmente numa luta que parecia não ter fim.

***

Samirtra foi tateando as gemas e inserindo uma a uma nas cavidades da taça. A posição em que as colocava, só ela conhecia. Samirtra sabia tudo o que havia para saber. Sabia que, dependendo da forma como as gemas fossem encaixadas, o cone obedeceria ao seu comando.

Ela concentrou o pensamento na vitória de Fahir.

Quando o último diamante entrou no último orifício, a jovem a seu lado viu algo espantoso: uma espécie de onda transparente partiu do cálice e se espalhou em todas as direções.

Samirtra jogou-se no chão, puxando a menina pelas roupas.

Não houve ruído, nem fogo, nem explosão. As duas só sentiram quando a onda de energia passou por elas e aqueceu seus corpos.

A cega sentou-se, com ar abatido, gotas de suor na testa, e agrade­ceu ao Altíssimo. Retirou as gemas e recolocou na bolsa de couro, guardando-a junto ao corpo. O objeto, ela voltou a esconder entre as vestes.

A menina olhava, incrédula e tremendo, sem entender o que havia acontecido.

Lá em cima, os já exaustos homens de Fahir de repente se sentiram revigorados, enquanto os inimigos perdiam força e concentração. Era como se uma energia indescritível tivesse se apoderado de cada solda­do do Príncipe do Deserto.

Eles partiram para cima dos invasores, movidos por um poder sobrenatural. Nada era capaz de detê-los! O inimigo caía sob os golpes de espada como trigo frente a lâmina de uma foice.

Essa diferença de forças durou pouco, mas foi suficiente para que as tropas de Fahir conquistassem uma grande vantagem no combate. E em meio à batalha, lutando com toda a força de que dispunha, estava Jordan. Ele empunhava uma espada tuaregue em defesa de uma causa que não era sua, em defesa de um povo que não era seu. E estava se saindo muito bem!

***

Atravessei as salas e cheguei a um outro conjunto de aposentos. Meu Deus, aquele lugar era um labirinto!

Vi Fahir passar por um corredor e, logo em seguida, outro inimigo partiu atrás dele. O homem que eu tinha visto junto com o general na filmagem daquela manhã: Nu'man Mubharak!
Capítulo IX
O duelo que se seguiu foi horrível. Mubharak investia contra Fahir com um ódio insano, e sua expressão demonstrava toda a loucura que ardia em seu coração. Por sua vez, meu príncipe se defendia com habilidade e o atacava com bravura. Se um lutava com a força do ódio, o outro o fazia com a força de um ideal.

Era difícil dizer qual dos dois seria o vencedor naquele momento.

Ouvi uma bomba explodir perto de nós e meus ouvidos voltaram a zumbir. Algo desmoronou e o fogo atingiu o lugar onde Fahir e Mubha­rak se enfrentavam.

Com um gesto certeiro, a espada de Fahir rasgou o braço do opo­nente que, por sua vez, investiu com tanta fúria e força que a espada de meu amado voou longe.

Eu assistia àquilo parada entre as chamas que ardiam, incapaz de me mover.

Não sentia mais dor, não ouvia mais o barulho.

Como naquela noite no acampamento, quando o homem investiu contra mim, tudo pareceu acontecer em câmera lenta: a espada de Fahir voando; Mubharak se aproximando e cortando seu rosto propositalmente, num gesto de crueldade; o sangue escorrendo pelo rosto e roupas de Fahir; ele investindo contra o atacante, desarmado, lutando por sua vida, por sua honra.

Sem me dar conta do que fazia, peguei a espada no chão e senti que ela ardia em minhas mãos. Era mais pesada do que eu gostaria, mas mais leve do que imaginei.

Os dois lutavam sem pensar que o lugar poderia explodir a qualquer momento. Vi no rosto de Fahir a força e ferocidade da vida. No de Mubharak, a máscara da morte.

Com esperteza e perícia, Mubharak encurralou Fahir contra uma parede. Nenhum dos dois tinha percebido minha presença até aquele momento e aproveitei para me aproximar.

Joguei a espada para Fahir, que a segurou em pleno ar sem ver quem tinha lançado. Meu príncipe começou a defender-se outra vez, até que conseguiu, em um rápido golpe, desarmar o inimigo e derrubá-lo no chão.

Neste momento, um pedaço do teto desabou sobre o homem caído e Fahir baixou a espada. Só então ele me viu.

Em seu rosto, surpresa, alívio, raiva e desespero. Estávamos separa­dos por uma cortina de chamas e, se não saíssemos dali em segundos, viraríamos cinzas.

Fahir correu na minha direção e eu vi o exato momento em que Mubharak se levantou, pegou um punhal e ergueu o braço para arre­messá-lo. Nesse instante, lembrei-me de Samirtra, dizendo: "Ataque de surpresa e defenda seu coração". Peguei a adaga que ela havia me dado e atirei, mirando no coração do homem.

Errei. A adaga se cravou em seu pescoço e ele caiu. Sempre tive uma péssima pontaria.

Fahir virou-se para mim espantado e, protegendo o corpo com seu manto, atravessou as chamas e me arrastou para fora dali.

Sobre nossas cabeças, o som de vários helicópteros anunciava que as forças do presidente haviam chegado.

Quando finalmente conseguimos alcançar o andar de baixo, eu estava ferida, queimada, com vários arranhões nos braços, mas nada disso parecia importar. Só me importava Fahir ao meu lado, abraçando-me com seus braços fortes e protetores.

— Salvou minha vida, A'ishah. Agora, ela lhe pertence. — disse ele com carinho, e eu novamente mergulhei no infinito de seu olhar.

— Assim como a minha te pertence! — respondi, sentindo o corpo cansado e doído, mas o coração transbordando de amor.

— Eu te amo, minha A'ishah, mulher da minha vida. — disse ele, emocionado, e me beijou com ardor no meio do caos que nos cercava.

***

Os soldados do presidente se misturavam aos soldados do general e aos tamasheks, em meio ao fogo e a fumaça que tomavam conta do lugar.

Corremos para fora da casa. Passando pelos jardins, vimos morte e destruição por toda parte.

Naquela confusão, era impossível saber quem era quem, até que avistamos um rosto conhecido. Por sobre os ferimentos e roupas ras­gadas que enrolavam sua cabeça, Jordan Burton nos olhou e sorriu. Corremos para ele e, abraçados, saímos os três dali.



***

Os dias que se seguiram foram decisivos para Fahir e seu povo. Toda uma rede de crimes e intrigas se desfez com a morte de Mubharak e as coisas caminhariam de forma diferente sem a presença perniciosa daquele homem.

O governo da Tunísia tomou as providencias necessárias para que nem uma palavra daquele incidente aparecesse nos jornais. Para a imprensa, o general Jawhar havia deixado o cargo por motivos de saúde.

Agora que Mubharak não estava mais presente, a base no deserto, completamente destruída, abriu a oportunidade para que escolas e centros de cultura fossem construídos por todo o país, oferecendo ao povo tamashek uma melhor chance de vida e de resgate cultural.

As minas sob a fortaleza, a milenar cidade de pedra, foram explo­radas e acabaram tomando-se um procuradíssimo ponto de visitação turística.

Samirtra, que tão astuciosamente havia fugido pelas galerias, emer­giu delas trazendo consigo a relíquia sagrada de seu povo. Os mistérios que a cega conhecia com ela permaneceriam até o dia em que o guar­dião pudesse entregá-los ao mundo.

Quando já reunidos na casa de Fahir, em Túnis, perguntei à mulher por que havia empurrado a mim e a Jordan para o perigo. Ela respon­deu, misteriosa como sempre:

— O destino devia se cumprir. Vocês tinham papéis importantes a desempenhar e eu os coloquei no caminho para isso.

— E se um de nós morresse, ou até mesmo os dois? — indaguei, perplexa.

— Nem uma folha cai ao chão se não for pela vontade do Altíssimo, A'ishah. E não era vontade Dele que vocês deixassem este mundo.

— Como podia saber? — exclamou Jordan, indignado, que assim como eu estava cheio de curativos.

A cega sorriu.

— Vocês fazem perguntas demais, mas um dia terão essas respos­tas. Agora, saiam, pois tenho coisas importantes a fazer.

***

A vitória de Fahir foi muito comemorada, mas talvez nenhuma das novidades que surgiram depois daquelas horas de tanto desespero e medo tenha sido tão bem recebida quanto a notícia do romance entre o comissário Adiva e Gladys Johnson.

Parece que o homem acabou mesmo por se afeiçoar aos garotos e pediu a Sra. Johnson em casamento. Os meninos ficaram radiantes com a notícia. Não pelo casamento, mas pela mudança para Túnis. Desta forma, eles estariam perto de Fahir, que havia se tomado uma espécie de super-herói para os dois.
Epílogo
Larguei o exemplar do London Times sobre a mesinha ao lado do sofá, onde a manchete anunciava: "Audacioso Roubo de Jóias Confunde a Polícia da Grã-Bretanha".

"Ah, Jordan, Jordan... Quando você vai criar juízo?", pensei e corri para abraçar meu filho, que vinha entrando feliz da vida com seu brinquedo novo:

— Olha, mamãe, o que o tio Jordan mandou pra mim lá de Londres!

— Que lindo! Assim que o papai chegar, vamos brincar todos juntos!

— Quando o tio Jordan vem ver a gente de novo?

"Logo... a julgar pelas notícias nos jornais", imaginei.

— Ele disse que vinha para o batizado do novo bebê de Gladys Adiva, no mês que vem. — respondi, pensando que Fahir deveria ter uma conversa muito séria com Jordan. — Quem sabe o papai convence ele a ficar aqui pra sempre? — completei com um sorriso, enquanto imaginava o que Fahir ia dizer quando visse o jornal. Ele tinha feito Jordan prometer que pararia com os roubos, mas, pelo jeito, a promessa não adiantou muito.

Olhei o brinquedo nas mãos de meu filho e o abracei com força. Meu filho! Cabelos negros como os do pai e olhos cor de mel, como os meus. Dá para imaginar?

Feliz com o presente de Jordan, ele sentou-se nos tapetes e começou a brincar, sob o olhar atento de Maghrabi, que não saía de seu lado um minuto.

Neste momento, não sei por que me lembrei de uma conversa que tive com Fahir alguns dias após o incêndio na fortaleza:

"O que teria feito se eu resolvesse partir naquele helicóptero?"

"Confiaria no destino", ele respondeu e me abraçou.

"Sabia que eu não iria embora, não é?"

Fahir sorriu.

"Ouvi a voz de meu coração, A'ishah. Assim como sabia que você ouviria a do seu."

"Eu te amo tanto! Como pôde pensar em me deixar partir?"

Ele me beijou.

"Eu a amo demais, minha A'ishah, a mulher que salvou minha vida. Como pode pensar que eu a deixaria partir?"

Caminhei até a sacada e abri as janelas que davam para os jardins. Além deles, eu podia ver as areias douradas do Saara, que desde cedo me seduziram, como se, de alguma forma, antes de mim, minha alma já soubesse o que me aguardava naquelas paisagens.

Vi ao longe a figura altiva de um cavaleiro, que se aproximava veloz, seus trajes negros esvoaçando no vento quente do deserto. Senti a felicidade e o calor de meu coração se espalharem por todo o meu corpo.

O Senhor das Dunas, O Príncipe do Deserto estava chegando.

Era hora de sair correndo para encontrá-lo.


FIM
Ler os contos de Loreley McKenzie é como degustar uma exótica iguaria: eles são misteriosos, deliciosamente picantes e sempre repletos de surpresas!
— Romantic Herald —



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