A ameaça pagã Velhas heresias para uma nova era



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A Ameaça Pagã
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Eles [os gnósticos] consideram a si mesmos “maduros”, de
maneira que ninguém pode ser comparado a eles na grandeza
de sua gnosis [conhecimento], nem mesmo se você mencionar
Pedro ou Paulo ou qualquer dos apóstolos (...) Eles imaginam
que eles próprios tinham descoberto mais do que os apóstolos
descobriram, e que os apóstolos pregaram o evangelho ainda
sob a influência das opiniões judaicas, mas que eles são mais
sábios e inteligentes que os apóstolos.
15
u Liberdade Radical
Onde a razão humana é entronizada, uma liberdade sem
limites se torna a lei da terra. A liberdade para reinar sobre a criação
constitui o objetivo primário, o bem mais alto. O pilar da liberdade
radical apóia tanto o pensamento liberal moderno quanto o gnóstico
antigo. Pagels descreve a versão gnóstica desta “verdade”:
Pela  (...) iniciação (...) o candidato aprende a rejeitar a
autoridade do criador [o Deus da Bíblia] (...).Alcançar a gnose
envolve reconhecer a verdadeira fonte do poder divino (...)
a profundidade de todo ser (...). Quem quer que chegue a
esse conhecimento (...) está pronto para receber o sacramento
da redenção, i.e., libertação (...). Nesse ritual ele se dirige ao
demiurgo [o Criador], declara sua independência e avisa que
ele não pertence mais à esfera de autoridade e julgamento
do demiurgo.
16
Uma das auto designações gnósticas relatadas por Hipólito,
um dos pais da igreja (170-236 d.C.),
17
 é a “geração não dominada”,
18
pela qual, acrescenta Hipólito, “eles declaram a si mesmo
independentes de qualquer autoridade humana ou divina (...) ”. A
iniciação dentro do profundo conhecimento do gnosticismo é uma
empunhadura para brigar com o Criador, derrubando
deliberadamente as estruturas inerentes da ordem criada.
“Esta convicção – que quem quer que explore a experiência
humana simultaneamente descobre a realidade divina – (...)
marca o gnosticismo como um movimento religioso distinto.”
19
Pagels, nessa observação, está profundamente correta. Mas essa
convicção também distingue o gnosticismo do Cristianismo, que
não identifica toda a experiência humana como uma realidade
divina. A rebelião moral humana contra Deus é tratada com a


AS PROFUNDAS RAÍZES DA NOVA ESPIRITUALIDADE
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máxima seriedade assim como o abominável trabalho do “deus
deste século” (2 Co 4.4 cf. Jo 12.31). No pensamento da Nova Era,
o pecado é conspícuo por sua ausência dos textos gnósticos.
20
 Está
igualmente ausente do pensamento dos simpatizantes gnósticos-
liberais modernos. Para própria Elaine Pagels,
21
 Satanás é uma
invenção do judaísmo ortodoxo posterior e do Cristianismo
ortodoxo primitivo para eliminar seus oponentes. Satanás não tem
uma existência metafísica ou teológica.
u Diversidade Sincretista:
O liberalismo geralmente altera modas intelectuais e escolas
de pensamento. Desde que tudo está em fluxo, e a experiência
humana é a norma final, surge a diversidade. Mas a diversidade
em si mesma conduz ao caos. Há trezentos milhões de deuses na
Índia, e tantas experiências quanto o número de pessoas. Para os
liberais, a diversidade surge da espiritualidade humana e uma
ligação existe ente os “deuses”. A variedade de religiões e
experiências dão voz à experiência humana compartilhada. O
sincretismo é o resultado. Como um erudito moderno observa,
“uma das acusações mais freqüentes feitas ao o liberalismo – que
pode levantar a questão de uma tendência gnóstica no movimento
– diz respeito ao seu sincretismo. Sem dúvida, o liberalismo é
sincretista no sentido em que está aberto a toda sorte de informação,
independentemente da fonte”.
22
A igreja ortodoxa estoicamente guardou a fé, enfatizado a
continuidade episcopal, os credos comuns e os concílios universais.
Os gnósticos foram para um período de farra da criatividade
individualista. No século 1° d.C. os deuses e as deusas dos cultos
orientais (Ísis e Osíris, Mitras, Cibele etc.) haviam se unido aos deuses
da mitologia clássica greco-ocidental e aos do panteão romano,
produzindo um sincretismo tão amplo e diverso como jamais fora
visto. O gnosticismo era tanto um produto desse fermento religioso
quanto seu cliente ativo.
De acordo com os pais da igreja, a crença gnóstica é uma
destilação consciente dos protótipos pagãos, que reflete a
diversidade confusa que marcou a cultura. Esta variedade externa,
de acordo com Kurt Rudolph, “não é acidental, mas (...) pertence à
sua própria natureza”.
23
 Irineu também testemunha essa
diversidade incomum dentro da escola valentiniana do
gnosticismo em Roma no século 2°.


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A cada dia cada um deles inventa algo novo, e nenhum deles é
considerado perfeito a menos que seja produtivo neste caminho.
24
Epifânio (315-403 d.C.) denuncia a proliferação do gnosticismo
de facções exoticamente nomeadas e líderes-gurus:
[os líderes] da gnose, falsamente assim chamados, começaram
seu crescimento maligno no mundo, nominalmente assim
chamados gnósticos e fibionitas e os seguidores de Epifânio, e o
Stratiotici e Levitici e Borborianos e o resto. Pois cada um destes
(líderes) inventou sua própria facção para satisfazer suas próprias
paixões e desenvolveram milhares de formas do mal.
25
Hans Jonas também observa esse caráter sincretista:
Os sistemas gnósticos compõem-se de todas as coisas – mitologias
orientais, doutrinas astrológicas, teologia iraniana, elementos da
tradição judaica, seja bíblica, rabínica ou oculta, a salvação
escatológica cristã, termos e conceitos platônicos. O sincretismo
conquistou neste período sua maior eficácia.
26
A diversidade cultural e religiosa é um item principal no
programa liberal contemporâneo, assim como aparentemente estava
no programa do gnosticismo!
u Libertação Secular como um Programa Teológico:
A teologia liberal freqüentemente imita os movimentos da
sociedade. A interpretação dos movimentos de contracultura dos
anos 60
27
 feita por James Robinson (há alguns elementos
positivos
28
), é apenas um dos exemplos recentes.
29
 A diversidade
do gnosticismo refletiu uma busca socio religiosa por novas
formas e uma expressão livre. Sem dúvida reagindo contra a
natureza hierárquica da visão de mundo judeu-cristã, o
gnosticismo também apareceu no elitismo do mundo grego
clássico, no qual somente heróis penetravam as barreiras entre
os deuses e os homens. Para os antigos, imitar “heróis”
semidivinos significava cometer o pecado de “hubris”, ou orgulho
arrogante. Alguns estudiosos afirmam que antes que o
gnosticismo fosse cristianizado era um movimento de liberação
social, que prometia liberdade para todos.
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