A educação é a prática mais humana, considerando-se a profundidade e a amplitude de sua influência na existência dos homens



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Caráter dos velhos

Os velhos e aqueles que ultrapassaram a flor da idade ostentam geralmente caracteres quase opostos aos dos jovens; como viveram muitos anos, e sofreram muitos desenganos, e cometeram muitas faltas, e porque, via de regra, os negócios humanos são malsucedidos, em tudo avançam com cautela e revelam menos força do que deveriam. Têm opiniões, mas nunca certezas. Irresolutos como são, nunca deixam de acrescentar ao que dizem: "talvez"," provavelmente". sim se exprimem sempre, nada afirmam de modo categórico. Têm também mau caráter, pois são desconfiados e foi a experiência que lhes inspirou essa desconfiança. Mostram-se remissos em suas afeições e ódios, e isso pelo mesmo motivo; (...) amam como se um dia devessem odiar e odeiam como se um dia devessem amar. São pusilânimes, porque a vida os abateu; não desejam coisa alguma de grande ou de extraordinário, mas unicamente o bastante para viver. São

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mesquinhos, porque os bens são indispensáveis para viver, mas também porque a experiência lhes ensinou todas as dificuldades em os adquirir e a facilidade com que se perdem. São úmidos e tudo lhes é motivo de temor, porque suas disposições são contrárias às dos jovens; estão como que gelados pelos anos, ao passo que os jovens são ardentes. Por isso a velhice abre o caminho à timidez, já que o temor é uma espécie de resfriamento. Estão apegados à vida, sobretudo quando a morte se aproxima, porque o desejo incide naquilo que nos falta e o que nos falta é justamente o que mais desejamos. São excessivamente egoístas, o que é ainda sinal de pusilanimidade. Vivem procurando apenas o útil, não o bem, e nisso mesmo dão provas de excesso, devido ao seu egoísmo, uma vez que o útil é o bem relativamente a nós mesmos; e o honesto, o bem em si.

Os velhos são mais inclinados ao cinismo do que à vergonha; como cuidam mais do honesto do que do útil, desprezam o que dirão os outros. São pouco propensos a esperar, em razão de sua experiência - pois a maior parte dos negócios humanos só acarretam desgostos e muitos efetivamente são malsucedidos - mas a timidez concorre igualmente para isso. Vivem de recordações mais que de esperanças, porque o que lhes resta de vida é pouca coisa em comparação do muito que viveram; ora, a esperança tem por objetivo o futuro; a recordação, o passado. É essa uma das razões de serem tão faladores; passam o tempo repisando com palavras as lembranças do passado; é esse o maior prazer que experimentam. Irritam-se com facilidade, mas sem violência; quanto a seus desejos, uns já os abandonaram, outros são desprovidos de vigor. Pelo que já não estão expostos aos desejos que cessaram de os estimular e substituem-nos pelo amor do ganho. Daí a impressão que se tem de os velhos serem dotados de certa temperança; na realidade, seus desejos afrouxaram, mas estão escravizados pela cobiça.

Em sua maneira de proceder, obedecem mais ao cálculo do que à índole natural dado que o cálculo visa o útil, e a índole, a virtude. Quando cometem injustiças, fazem-no com o fim de prejudicar, e não de mostrar insolência. Se os velhos são igualmente acessíveis à compaixão, os motivos são diferentes dos da juventude; os jovens são compassivos por humildade; os velhos, por fraqueza, pois pensam que todos os males estão prestes a vir sobre eles e, como

vimos, esta é uma das causas da compaixão. Daí vem o andarem sempre lamuriando-se, e não gostarem nem de gracejar, nem de rir; pois a disposição para a lamúria é o contrário da jovialidade. Tais são os caracteres dos jovens e dos velhos. Como todos os ouvintes escutam de bom grado os discursos conformes com seu caráter, não resta dúvida sobre a maneira como devemos falar, para, tanto nós, como nossas palavras, assumirem a aparência desejada.

Caráter da Idade adulta

Os homens, na idade adulta, terão evidentemente um caráter intermédio entre os que acabamos de estudar, com a condição de suprimir o excesso que há nuns e noutros.

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Não mostrarão nem confiança excessiva oriunda da temeridade, nem temores exagera-justo meio relativamente a estes dois extremos. A confiança Deles não é gera, nem a desconfiança, e em seus juízos inspiram-se de preferência na verdade. Não vivem exclusivamente para o belo, nem para o útil, mas para um e outro igualmente. Não se mostram sovinas nem esbanjadores, mas neste particular observam a justa medida. O mesmo se diga relativamente ao arrebatamento e ao desejo. Neles, a temperança vai a coragem de temperança, ao passo que nos jovens e nos velhos esta qualidades são separadas; pois a juventude é a um tempo corajosa e intemperante, e a velhice temperada é tímida. Numa palavra, todas as vantagens que a juventude e a velhice possuem separadamente se encontram reunidas na idade adulta; onde os jovens e os velhos pecam por excesso ou por falta, a idade madura dá mostras de medida justa e conveniente. A idade madura para o corpo vai de trinta a trinta e cinco anos; para a alma, situa-se à volta dos quarenta e nove anos. Tais são os caracteres respectivos da juventude, da velhice e da idade adulta.



ARISTÔTELES. Arte retórica e arte poética. São Paulo, Difusão Européia do Livro,

ANÁLISE E REFLEXAO

1. De que maneira Aristóteles contraria o idealismo de seu mestre?

2. Explique por que Aristóteles é - considerado realista em sua concepção educacional.

3. Faça um resumo das características dos jovens, dos velhos e da idade adulta, segundo Aristóteles.

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Os romamos os gregos, riso; trabalho manual: se do exercício essencialmente humanistas ( tradução de platéia) como aquela cultura geral que transcende os interesses locais e nacionais. Os romanos queriam universalizar a sua queriam universalizar a sua humanitas, O acabaram por conseguir através do cristianismo. A humanistas era dada na escola do

gramático, que seguia as seguintes frases.

- memorização do to texto, a título de exercício ortográfico; - tradução do verso vice-versa; - expressão de uma idéia em diversas construções; - análise das palavras e frases - composição literária Assim se instruíam as elites romanas. Os escravos, sem nenhuma instrução e ainda mais numerosos do que na Grécia, eram tratados como objetos. Sobre eles recaía toda a pn4uçdo material da

existência das elites. A sociedade era composta de grandes proprietários - os patrícios, que monopolizavam o poder - e de plebeus - pequenos proprietários que, apesar de serem livres (ao contrário dos escravos), eram excluídos do poder.

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Através das conquista, os romanos impuseram o latim a numerosas províncias. Na época áurea do império, existia um sistema de educação com três clássicos de ensino: a) as escolas ludi-magister, que ministravam a educação elementar; b) as escolas de gramático, que correspondiam ao que hoje se chama ensino secundário; c) os estabelecimentos de educação superior, que iniciavam com a



retórica e, seguidos do ensino, se constituíam

numa espécie de universidade. O Império romano também conquistou a Grécia, que transmitiu sua filosofia da educação aos romanos.

Roma teve muitos teóricos da educação. GATÃO (234-149 a.C.), chamado "O Antigo", distinguiu-se sobretudo pela importância que atribuía à formação do caráter; MARCO TERENCIO VARRAO (116-27 a.C.), foi partidário de uma cultura romano- helênica, com base na "virtus" romana: pietas, honestitas, austeritas; MARCO TULIO CÍCERO (106-43 a.C.), senador proclamado pelo Senado Romano como "Pai da Pátria", considerava o ideal da educação formar um orador que reunisse as qualidades do dialético, do filósofo, do poeta, do jurista e do ator. O orador encontrava sua base de sustentação na humanitas. Essa, por sua vez,

vinculava-se ao projeto político de Roma: reunir os diversos povos num grande Império. Cícero foi o idealizador do Direito. Também destacou-se o educador MARCO FÁBIO QUINTILIANO (por volta de 35- depois de 96), que põe o peso principal do ensino no conteúdo do discurso. O estudo devia dar-se num espaço de alegria (schola). O ensino da leitura e da escrita era oferecido pelo ludi-magister (mestre do brinquedo). SÊNECA (por volta de 4 a.C.-65) insiste na educação para a vida e a individualidade: "non scholae, sed vitae est docendum" (não se deve ensinar para a escola mas para a vida). PLUTARCO (por volta de 46-depois de 119) insistia em que a educação

procurasse mostrar a biografia dos grandes homens, para funcionar como exemplos vivos de virtude e de caráter. A agricultura, a guerra, a política constituíam o programa que um romano nobre devia realizar. O homem realizado era locuples, locupletado, isto é, aquele que atingira o Ideal do romano opulento. Os escravos aprendiam as artes e os Ofícios nas casas onde serviam.

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Aos poucos a classe aristocrática cede lugar para comerciantes e pequenos artesãos e também para uma pequena classe de burocratas. Os enormes tentáculos do Império necessários que preparassem administradores, já que os soldados ou morriam) nas batalhas e nos quartéis (numerosos).

Pela primeira vez na história, o diretamente da educação, formando seus próprios quadros. Para vigiar as escolas, foram treinados os supervisores - professores, cujo regimento se parecia muito com o dos militares.

Direitos e deveres, eis o que ensinavam os romanos:

- direito do pai sobre os filhos (pater potestas) - direito do marido sobre a esposa (manus) - direito do senhor sobre os escravos - direito de um homem livre sobre um outro que a lei lhe dava por

contrato ou por condenação jurídica (manus capero) - direito sobre a propriedade (dominiun). Os deveres decorriam desses direitos. A educação romana era utilitária era militarista, organizada da pela rebeldes, disciplina e justiça. Começava pela educação para a pátria, paz só com vitória e escravidão aos vencidos. Aos rebeldes, a pena capital. No lar o pai, pela pater potestas, infringia aos filhos as obrigações do clã. Na escola, os castigos eram severos com vara. Todas as cidades e

regiões vanguardas aos mesmos eram submetidas aos mesmos hábitos e costumes, à mesma administração de serem consideradas "aliadas de Roma". Dessa forma, os romanos conseguiram conquistar um Império e conservá-lo por muitos anos. E o fenômeno chamado "romanização", obra terminada pelo cristianismo.

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"Nada em nossa vida escapa ao dever"



Resolvi escrever agora para você, começando pelo que melhor convenha para sua idade e à minha paterna autoridade. Entre as coisas sérias e úteis tratadas pelos filósofos, não conheço nada mais extenso e cuidadoso do que regras e preceitos que nos transmitiram a propósito de deveres. Negócios públicos ou privados, civis ou domésticos, ações particulares ou transações, nada em nossa vida escapa ao dever: observá-lo é honesto, negligenciá-lo, desonra. A pesquisa do dever é assunto comum dos filósofos. Como chamar-se filósofo quem não sabe expor doutrina sobre os deveres do homem? Há sistemas que, definindo o bem e o mal, desnaturam completamente a idéia de dever. Quem considera o soberano bem, independente da virtude, e que o baseia no interesse e não na honestidade, quem fica de acordo consigo mesmo, se a bondade de sua natureza não triunfa sobre seus princípios, não saberá praticar quer a amizade, quer a justiça, quer a caridade. Que se separa de quem considera a dor o maior mal? Qual a temperança de quem considera a volúpia o bem supremo? Essas coisas são de tal clareza e não necessitam discussão, por isso não as tenho debatido. Para não se desmentirem, muitas doutrinas nada dizem sobre deveres e delas não se deve esperar preceitos sólidos, invariáveis, conforme a natureza; sóva1emasquev~nna honestidade o. único bem, ou como um bem preferível aos outros e si mesmo. (...)

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Neste estudo seguiremos, de preferência, os estóicos mas sem servilismo, como É nosso costume; nós nos saciaremos em fonte, quando julgarmos apropriado, mas não abdicaremos de nosso ponto de vista, nosso arbítrio. Desde que vamos tratar dos deveres do homem, definimos logo o que chamamos dever e admiro-me de Panetius não o Ter feito. Quando se quer pôr ordem e método numa discussão, é preciso começar definindo a coisa de que se trata, para se Ter dela uma idéia nítida e precisa.

"próprio do homem é a procura da verdade"

A natureza pôs em todo o ser animado o instinto de conservação, para defender seu corpo e sua vida, para evitar o que prejudica, para procurar todo o

necessário com que viver: o alimento, o abrigo e outras coisas desse gênero. Deu, a cada espécie, nos dois sexos, uma atração mútua que os leva à multiplicação, e certo cuidado de sua prole. Mas há diferença entre o homem e o animal; pois este obedece unicamente aos sentidos, só vive o presente, o que está diante dele e não tem qualquer sensação de passado e futuro. O homem, ao contrário, com a ajuda da razão, que é seu galardão, percebe as

conseqüências, a origem, a marcha das coisas, compara-as umas com outras, liga e reata o

futuro ao passado; envolve, de um golpe de vista, todo o curso de sua vida, e faz provisão do necessário para iniciar uma profissão. É ainda recorrendo à razão que a natureza aproxima os homens, fazendo-os conversar e viver em comum. Inspirando-lhes particular ternura pelos filhos, fazendo os desejar reuniões e manter sociedade entre Si: por esses motivos ela os anima a procurar todo o necessário para conservação e as comodidades da vida, não somente para si mesmos, como para sua mulher, seus filhos e todos

aqueles que eles amam e devem proteger. Esses cuidados trazem o espírito desperto, tomando-os mais capazes de agir. Mas, o que é, sobretudo, próprio do homem, é a procura da verdade. Assim, logo que nos livramos de cuidados e negócios, desejamos ver, entender, aprender qualquer coisa; pensamos que o conhecimento dos segredos ou das maravilhas da natureza é indispensável à felicidade; procuramos ver o que é verdadeiro, simples e puro, e conveniente à natureza do homem. Nesse amor à verdade encontramos certa aspiração de independência, fazendo o homem bem-nascido não desejar obedecer a ninguém, senão àquele que o instrui, e o dirige, no interesse comum, de acordo com a justiça e as leis; daí nasce a grandeza da alma e o desprezo das coisas humanas.

"O mérito da virtude está na ação"

(...) Sustenta-nos ardente desejo de saber e de conhecer; encanta-nos ser eminente na ciência; ignorar, errar, enganar-se, iludir-se, nos parece desgraça e vergonha. Mas, nessa inclinação natural e honesta, é preciso evitar dois defeitos: um, dar por conhecidas as coisas desconhecidas, fazendo afirmação temerária; quem quiser evitar tal

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defeito - e nós todos devemos querer - dará ao exame de cada coisa o tempo e cuidados necessários. Outro defeito consiste em pôr muito ardor e muito estudo nas coisas obscuras, difíceis desnecessárias. Esses dois defeitos, se evitados, só merecem louvores pe1aaplpç4Q~ gelo trabalho que consagramos às coisas honestas e, ao mesmo tempo, úteis. (...) O mérito da virtude está na ação; mas há freqüentes intervalos que permitem voltar aos estudos ou, ainda, à atividade do espírito, que sempre nos impele, mesmo no trabalho, a mantê-los continuadamente. Ora, toda a atividade do espírito tem por objeto resoluções honestas a tomar sobre coisas que contribuem para a felicidade, ou às pesquisas científicas. Eis o que se deve observar na primeira fonte dos nossos deveres.

CÍCERO, Marco túlio. Dos deveres. São Paulo, Saraiva,1965

ANÁLISE E REFLEXÃO

1. Comente o trecho:

"Entre as coisas sérias e úteis tratadas pelos filósofos, não conheço nada mais extenso e cuidadoso do que regras e preceitos que nos transmitiram a propósito de deveres".

2. De acordo com Cícero, qual a diferença entre o homem e o animal?

3. Pode-se dizer que a frase: "O mérito da virtude está na ação" reflete o pensamento romano? Explique.

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DE QUE MODO SE RECONHECEM OS TALENTOS NAS CRIANÇAS E QUAIS OS QUE DEVEM SER TRATADOS

1. trazido o menino para o perito na arte de ensina, este logo perceberá sua inteligência e seu caráter. Nas crianças, a memória é o principal índice de inteligência, que se revela qualidades: aprender facilmente e guardar com fidelidade. A outra qualidade é a imitação que prognostica também a aptidão para aprender, desde que a criança reproduza o que se lhe ensina, e não apenas adquira certo aspecto, certa maneira de ser ou certos ditos ridículos. 2. Não me dará esperança de boa índole uma criança que, em seu gosto pela imitação, não procurar senão fazer rir. Porque, primeiramente, será bom aquele que na verdade, for talentoso; senão eu o julgarei antes retardado do que mau. O bom mesmo se afastará muito daquele lerdo e inerte. 3. Este meu (menino bom) compreenderá sem dificuldades aquelas coisas que lhe forem ensinadas e também perguntará algumas vezes; entretanto, mais

acompanhará do que correrá à frente. Estes espíritos que, de bom grado, eu chamaria de precoces, não chegarão jamais à maturidade. 4. Estes são os que facilmente fazem pequenas coisas e, levados pela audácia, imediatamente ostentam tudo o que podem; mas, o que podem, em definitivo, é o que se encontra a seu alcance imediato; desfilam palavras, umas após outras, com ar destemido; proferem-nas, sem nenhuma vergonha; não vão muito longe, mas vão depressa. 5. Não existe neles nenhuma força verdadeira, nem se apóiam totalmente em raízes profundas; como sementes esparsas à flor/do solo, rapidamente se dissipam e, como pequenas ervas, amarelecem os frutos em suas hastes fracas, antes da colheita. Estas coisas agradam na infância, por causa do contraste com a idade; a seguir, o progresso pára e a admiração diminui. 6. Logo que tiver feito essas considerações, o mestre deverá perceber de que modo deverá ser tratado o espírito do aluno. Existem alguns que relaxam, se não se insistir com eles incessantemente. Outros se indignam com ordens; o medo detém alguns e enerva outros; alguns não conseguem êxito senão através de um trabalho contínuo; em outros, a violência traz mais resultados. Dêem-me um menino a quem o elogio excite, que ame a glória e chore, se vencido. 7. Este deverá ser alimentado pela ambição; a este a repreensão ofenderá, a honra excitará; neste jamais recearei a preguiça. - - 8. A todos, entretanto, deve-se dar primeiro um descanso, porque não há ninguém que possa suportar um trabalho contínuo; mesmo aquelas coisas privadas de sentimento e de alma, para conservar suas forças, são afrouxadas por uma espécie de repouso

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alternado; além do mais, o trabalho tem por princípio a vontade de aprender, a qual não pode ser imposta. 9. É por isso que aquelas cujas força são renovadas e estão bem dispostas têm mais para aprender, enquanto, quase sempre, se rebelam contra a coação.

10. O gosto pelo jogo entre as crianças não me chocaria; é este um sinal de vivacidade e nem poderia esperar que uma criança triste e sempre abatida mostre espírito ativo para o estudo, pois que, mesmo ao tempo deste ímpeto tão natural a esta idade, ela permanece lânguida. 11. Haja, todavia, uma medida para os descansos; senão, negados, criarão o ódio aos estudos e, em demasia, o hábito da ociosidade. Há, pois, para aguçar a inteligência das crianças, alguns jogos que não são inúteis desde que se rivalizem a propor, alternadamente, pequenos problemas de toda espécie. 12. Os costumes também se revelam mais simplesmente entre os jogos, de modo que não parece existir uma idade tão tenra que não aprenda desde logo o que seja mau ou bom; mesmo porque a idade mais fácil para formar a criança é esta que não sabe simular e cede facilmente aos preceitos: quebram-se com efeito, não se endireitam aquelas coisas que tomaram definitivamente um aspecto mau. 13. Então, nada fazer com paixão, nada com arrebatamento, nada impotentemente; eis, de imediato, o aviso que é preciso dar à criança. Sempre se deve ter em mente o conselho virgiliano: "Nos primeiros anos o hábito tem muita força". 14. Na verdade, gostaria pouco que as crianças fossem castigadas, ainda que houvesse permissão, e Crisipo não desaprovasse. Primeiramente, porque é baixo e servil e certamente uma injúria, o que seria lícito se se mudasse a idade. Além do mais, porque se alguém tem um sentimento tão pouco liberal que não se corrija com uma repressão, também resistirá às pancadas como o mais vil dos escravos. Finalmente, não haverá mesmo necessidade desse castigo, se houver ao lado das crianças um assistente assíduo de estudos. 15. Mas, hoje é geralmente a negligência dos pedagogos que parece continuar entre as crianças; porque não as forçam a bem fazer, punem-nas porque não fizeram. Enfim, se coagirdes uma criança com pancadas, que fareis para o jovem que, por outro lado, não terá nada a temer e que deve aprender coisas mais importantes? 16. Acrescente-se que muitas coisas vergonhosas e quase humilhantes de serem ditas aconteceram às crianças a serem castigadas, muitas vezes por dor e por medo; a vergonha confrange a alma, abate-a, leva-a a fugir e a detestar a própria luz.

17. Se já foi menor o cuidado em escolher os costumes vigilantes e mestres, é vergonhoso dizer em que ações infames homens nefandos cairão com o abuso deste direito de castigar; e este medo das pobres crianças dá também ocasião para o de outras. Não me demorarei nesta parte: o que se entende já é suficiente. - ninguém deve ter muitos direitos sobre uma idade demasiado fraca e exposta a

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outras. Não me demorei nesta: o que se entende já é suficiente. Basta dizer isto: ninguém deve Ter muitos direitos sobre uma idade demasiada fraca e exposta a ultrajes. 1. Escreva sobre o tipo de homem que Quintiliano tinha em mente. 2. Dê as principais características do "perito na arte de ensinar" e do "menino trazido" para ele.

3. Discuta com seus companheiros estas afirmações:

a) "(...) o trabalho tem por princípio a vontade de aprender, a qual não pode ser imposta".

b) "Basta dizer isto: ninguém deve ter muitos direitos sobre uma idade demasiado fraca e exposta a ultrajes".

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A decadência do Império Romano e as invasões dos chamados "bárbaros" determinaram o limite da influência da cultura greco-romana. Uma nova força espiritual se sucedeu à cultura antiga, preservando-a mas submetendo-a a seu crivo ideológico: a Igreja Cristã.



Do ponto de vista pedagógico, Cristo havia sido um grande educador, popular e bem-sucedido. Seus ensinamentos ligavam-se essencialmente à vida. A pedagogia que propunha era concreta: parábolas inventadas no calor dos fatos, motivadas por suas numerosas

andanças pela Palestina. Ao mesmo tempo, dominava a linguagem erudita e sabia comunicar- se com o povo mais humilde. Essa tradição contribuiu muito para o sucesso da Igreja e dos futuros padres. Saídos sobretudo dos meios camponeses e trabalhadores, os sacerdotes católicos dominam até hoje uma dupla linguagem - popular e erudita - com maior influência popular do que os intelectuais, que dominam apenas o discurso erudito. A educação do homem medieval ocorreu de acordo com os grandes acontecimentos da época, entre eles, a pregação apostólica, no século 1 depois de Cristo.

OBS: faltam as páginas 52 a 69

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- o objetivo do estudo; - a utilidade da ~ dos filhos; - a importância do estudo da filosofia para o jovem.

Não há animal irracional que não cuide e instrua seu filhote

É realmente um pecado e uma vergonha que tenhamos de ser estimulados e incitados ao dever de educar nossas crianças e de considerar seus interesses mais sublimes, ao passo que a própria natureza dever-nos-ia impelir a isso e o exemplo dos brutos nos fornece variada instrução. Não há animal irracional que não cuide e instrua seu filhote no que este deve saber, exceção feita ao avestruz, de quem diz Deus: "Ela

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(a fêmea do avestruz) põe seus ovos na terra e os terra e os aquece na areia; e é dura com seus filhotes, como se não fossem dela. E de que adiantaria se possuíssemos e realizássemos tudo o mais, e nos tornássemos santos perfeitos, se negligenciássemos aquilo por que, essencialmente, vivemos, a saber, cuidar dos jovens? Em minha opinião não há nenhuma outra ofensa visível que, aos olhos de Deus, seja um fardo tão pesado para o mundo e mereça castigo tão duro quanto a negligência na educação das crianças. Os pais negligenciam esse dever por vários motivos. Em primeiro lugar, há alguns com tamanha falta de piedade e honestidade que não cumpririam esse dever mesmo que pudessem, mas, como a fêmea do avestruz, têm coração duro em relação a sua própria prole e nada fazem por ela. Em segundo lugar, a grande maioria de pais não possui qualificação para isso e não compreende como as crianças devam ser criadas e ensinadas. Em terceiro lugar, mesmo que os pais fossem qualificados e estivessem dispostos a educar eles mesmos, em virtude de outras ocupações e deveres do lar não têm tempo para fazê-lo, de modo que a necessidade exige que tenhamos professores para as escolas públicas, a menos que cada genitor empregue um instrutor particular. Portanto, será dever dos prefeitos e conselhos ter o maior cuidado com os jovens. Pois dado que a felicidade, honra e vida da cidade estão entregues em suas mãos, eles seriam considerados covardes diante de Deus e do mundo caso não buscassem, dia e noite, com todo o seu poder, o bem-estar e progresso da cidade.

"O demônio sentiu o perigo que ameaçaria seu reino caso as línguas fossem estudadas por todos"


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